O uso da chupeta e da mamadeira faz parte da nossa cultura.
Muitas vezes por causa do choro do bebê e do cansaço de noites mal dormidas pelos pais, a chupeta ou a mamadeira acabam sendo uma opção na tentativa de acalmar o bebê.
Os bebês realmente têm necessidade de sucção; o reflexo de sucção é um reflexo de sobrevivência e já está presente por volta da 18ª / 20ª semanas de vida intra-uterina.
Ele está presente não só para satisfazer as necessidades nutritivas, mas também emocionais, pois a sucção é uma fonte de prazer que gera estabilidade e relaxamento dando tranqüilidade ao bebê. Por isso muitos bebês se acalmam quando recebem a chupeta. Não é a chupeta em si o que acalma, mas o ato de sucção.
Porém, a fase de necessidade de sucção do bebê passa, na medida em que através do aleitamento adequado, a musculatura oral vai se desenvolvendo e preparando o bebê para outras fases da alimentação. Mas nos casos de crianças que deram início ao uso da chupeta e da mamadeira isso não acontece. Na maioria das vezes o seu uso permanece interferindo no desenvolvimento motor oral adequado, provocando alterações na postura e força dos órgãos fonoarticulatórios e prejudicando as funções de mastigação, deglutição, respiração e articulação dos sons da fala, podendo também contribuir para o surgimento de alterações na arcada dentária, trazendo um desequilíbrio muscular e funcional da face.
O que acontece é que muitas crianças não sugam a chupeta, apenas permanecem com ela na boca (na maioria das vezes com a boca aberta), acumulando saliva ou mordendo-a. Já no caso da mamadeira, o que acontece é que freqüentemente o furo é aumentado e oferecido à criança deitada, o que gera excessivo fluxo de leite. Para bloqueá-lo, a criança, acaba realizando um movimento de língua inverso do que seria um padrão adequado de sucção. É realizado um trabalho muscular menor do que seria necessário se a criança fosse amamentada no seio, o que pode dificultar a maturação dos músculos responsáveis pela mastigação e interferir no desenvolvimento da face da criança e no desenvolvimento das estruturas responsáveis pela articulação da fala.
Outra função importante que pode ser alterada é a da respiração. O uso da chupeta, ao interferir no fechamento labial leva a respiração oral podendo alterar o crescimento ósseo da face, gerar compensações posturais prejudiciais. Isso sem falar na interferência da qualidade do sono, afetando o rendimento escolar, pois a criança tende a diminuir a capacidade de manter sua atenção, acarretando alterações de comportamento (como agitação ou apatia).
Pesquisas mostram que tais efeitos prejudiciais dependem da duração, freqüência e intensidade do hábito.
A agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determina que produtos do gênero tenham nos rótulos a frase: "O uso da mamadeira, bico ou chupeta prejudica a amamentação e seu uso prolongado prejudica a dentição e a fala da criança".Se o uso de chupeta e/ou mamadeira já é um hábito presente em seu filho e você não consegue retirá-los, anote algumas dicas:
- Converse com seu filho sobre porque deve desistir da chupeta e/ou mamadeira
- Comece restringindo o uso da chupeta somente à noite. Tire a chupeta da boca da criança assim que ela adormecer. Dessa maneira, ela vai se acostumando a ficar sem o objeto;
- Substitua a mamadeira por um copo colorido e faça uma personalização para incentivar o seu uso;
-Se ele freqüentar a escola, peça ajuda às professoras e assistentes e não mande a chupeta e a mamadeira na bolsa da criança para incentivá-la a passar por esse período sem os acessórios;
- Associe a tarefa aos momentos de carinho ao lado de seu filho;
- Seja firme e sustente a decisão.
Mas lembre-se: não existem receitas prontas, pois cada criança e cada família, possuem características próprias que devem ser respeitadas.
Procure a ajuda de um Fonoaudiólogo, ele poderá orientá-lo e ajudá-lo nesta tarefa.